O escritor sem palavras é aquele que acha que escreve alguma
coisa e não escreve tanto assim. É o poeta que rimou dois versos e se definiu
poeta. Esqueceu-se, ele, que hoje a poesia é muito mais que a rima (até porque,
como se disse, isso foi abolido em 1922 pelos quase centenários modernistas).
Enfim, o escritor sem palavras é o escritor que não sabe
escrever ou que acha que sabe. E, convencido por si só e somente ele disso,
resolve usar dessas ferramentas que a modernidade deu para que se divida o que
ele escreve, o blogue e as redes sociais.
Há uma fábula esopiana que conta de um tocador medíocre de
cítara tocava e cantava em seu quarto cujas paredes faziam sua voz e sua música
serem melodiosas. Quando se meteu a cantar num teatro, foi tão mal sucedido que
foi expulso a pedradas.
Para azar desse citarista, naquela época não havia o You
Tube, as redes sociais, nada. Poderia tocar no quarto, gravar e subir o vídeo.
Seria poupado das pedradas, mas ganharia vários unlikes. Dói menos
Apoiando-me nessa malfadada experiência, do meu quarto onde
escrevo uso o blogue para lançar nas redes sociais meus escritos. Os escritos
do escritor sem palavras que encherão um espaço pequeno e não contam com muita
fé. Se houver dez leitores assíduos será o suficiente.
São dois os obstáculos do escritor sem palavras. O primeiro
é apresentar seus textos tendo entre seus amigos escritoras (sim, quatro mulheres,
que escrevem e um amigo, logo o feminino prevalece. Sorry, Gramática, essa é a MINHA regra) que debulham o assunto.
Poderiam ser boas juradas (um negócio meio The Voice. Olha eu e minha cítara de
novo) e orientadoras. O segundo sou eu mesmo, meu leitor mais crítico, ranheta
e exigente. Já ando pela vigésima quinta linha (segundo meu Word) de texto e
estou com ânsia de desistir do blogue. Passou. Não vou desistir.
Vou é encerrar por aqui o texto. É uma breve apresentação
desse projeto que serve para alinhavar o que pretende ser esse espaço, um lugar
de abordagens um tanto confessionais ou fantasiosas; canto para crônicas e
impressões escritas ou somente ideias soltas de uma pessoa que adora escrever e
resolveu sair do quarto para dividir isso com os outros. Nada demais. A mesma
audácia do tocador de cítara, mas com o cuidado de não fazer isso num
auditório.
Sejam leves nas pedradas virtuais.
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